Meus amados, bom dia!
Pra quem já me acompanha aqui há um tempo, não é novidade que venho fazendo um esforço consciente pra reduzir distrações e cultivar foco.
Quando comecei a usar smartwatch, percebi uma coisa curiosa: aquela vibração sutil no pulso me deixava num estado de alerta constante. Ansiedade gratuita, na maioria das vezes. E por quê? Porque em 99,99% dos casos, não era nada urgente. Só uma notificação qualquer.
Mas aí o estrago já tinha sido feito. A vibração interrompia o fluxo, quebrava o raciocínio. Sem motivo real.
Com o celular, eu ainda tinha aquela ideia de que “mensagens precisam ser respondidas”. Até que troquei de telefone, em janeiro, e decidi ir um passo além: desativei todas as vibrações de mensagem, inclusive do WhatsApp.
Sim. Em pleno 2025.
Nesses seis meses, não consigo lembrar de uma notificação sequer que realmente exigia resposta imediata. Fiz também um pacto com as pessoas mais próximas: se for urgente mesmo, me liga. Igual os Neandertais faziam.
Desde então, percebo algo novo. Ou melhor: algo antigo, recuperado. Estou menos ansioso. Mais presente. Com mais foco. E usando minha atenção onde ela realmente importa.
Tenho amigos que foram além e desativaram todas as notificações do celular. Ainda não cheguei nesse ponto… mas confesso: estou flertando com esse desapego.
É curioso pensar que nunca estivemos tão acessíveis. Qualquer pessoa pode nos encontrar em segundos, a qualquer hora, em qualquer lugar.
E mesmo assim, parece que estamos sempre um pouco ausentes.
Disponíveis para o mundo, mas desconectados de nós mesmos. Respondendo tudo, mas ouvindo pouco. Pulando de conversa em conversa, mas com dificuldade de manter uma única linha de pensamento por mais de cinco minutos.
Não é culpa nossa. Os dispositivos foram desenhados pra isso.
O vício não é falha de caráter, é engenharia. Mas cabe a nós perceber quando a tecnologia passa a comandar o nosso tempo — e a nossa atenção.
Estar presente exige intenção.
E presença, hoje, virou quase um ato de rebeldia. Quando tirei as vibrações, o mundo continuou girando. As mensagens chegaram do mesmo jeito. Aos poucos, fui reencontrando aquele espaço mental onde as ideias nascem.
A pausa antes da resposta.
A leitura que flui sem interrupção.
O silêncio que não incomoda mais.
Estar sempre disponível é confortável para os outros.
Estar presente é essencial pra você.
E você?
Qual pequena rebeldia tecnológica está disposto a testar?
Me conta. Vou adorar saber — com ou sem notificação vibrando. 😉
Mercado
Brasil (maio–junho/2025)
O governo Lula seguiu criando impostos como remendo, sem reforma estrutural: essa MP de 11 de junho incluiu tributações sobre bets, tecnologias financeiras, JCP e fundos antes isentos, enquanto faz recuo parcial no IOF – virou quase uma colcha de cobranças. Desde o início do mandato, já passaram 15 novos impostos ou reajustes nas alíquotas, e praticamente nada saiu em corte de despesa . O mercado reagiu com pessimismo: o dólar chegou a R$ 6,11 no susto e fechou a semana passada em R$ 5,54 — sinal de que a confiança continua frágil.
A inflação não dá trégua: veio em 0,26% para Maio, mantendo o acumulado de 12 meses em 5,32%, bem acima do teto de 4,5% . Com esse cenário, o Copom optou por manter a Selic em 14,75% ao ano, suspirando aliviado ao pesar se ainda precisará subir os juros – os dados monetários indicam que 14,75% já fazem efeito, mas derrubar juros antes da inflação ceder seria irresponsável segundo o BC .
A combinação de câmbio instável, inflação persistente e pacotes tributários cascateando sem corte de gastos mantém a atratividade na renda fixa alta, mas prejudica o crescimento econômico. Com juros pesados e dólar instável, o efeito real do pacote até agora é penalizar consumo — e o investidor percebe bem isso.
Estados Unidos (maio–junho/2025)
A inflação americana manteve-se na linha: CPI de maio com alta de 0,1%, acumulando 2,4% em 12 meses . O Fed mantém os juros entre 5,25% e 5,50%, firme, ainda que o mercado já veja chance de cortes em setembro/novembro – mas a matemática depende dos próximos dados. A política monetária segue com pé no freio, sem acelerar cortes, e precisa provar que controla a inflação sem estrangular o crescimento.
Enquanto isso, o governo Trump voltou com força tarifária: declarou 50% de sobretaxa sobre produtos europeus e 25% sobre eletrônicos chineses, gerando tensão comercial . Mesmo com isso, o S&P 500 avançou cerca de 2,3% em maio, impulsionado por balanços sólidos, principalmente da Nvidia. O mercado segue o lucro, não a retórica — mas uma nova escalada protecionista poderia voltar a assombrar os ativos de risco.
Entretenimento
A recomendação de hoje é um livro que, sinceramente, provavelmente é o mais importante que já li sobre finanças — sem realmente falar de finanças. Estou falando de “A Psicologia Financeira”, do Morgan Housel.
O que torna esse livro tão especial é justamente o fato de que ele não te ensina a investir, montar planilhas ou calcular rentabilidades. Nada disso. Em vez de fórmulas, ele fala sobre comportamento, emoções, tomada de decisão e como nossa relação com o dinheiro é moldada muito mais pelas nossas experiências de vida do que por qualquer conteúdo técnico.
Ao longo do livro, Housel compartilha histórias curtas, diretas e cheias de insight. Ele mostra, por exemplo, como duas pessoas podem tomar decisões opostas e, mesmo assim, estarem certas dentro do seu próprio contexto. Ou como o sucesso financeiro está muito mais ligado a manter um bom comportamento por muito tempo do que a acertar o investimento da vez.
O tom é acessível, sem pretensões técnicas, o que torna a leitura leve, mas ao mesmo tempo profunda. Você termina o livro não com uma nova estratégia de investimento, mas com uma nova perspectiva sobre como lidar com dinheiro de forma mais consciente e sustentável.
Recomendo demais — especialmente se você já percebeu que saber o que fazer com o dinheiro é muito mais fácil do que, de fato, fazer.
👉🏻 Se você gostou do texto, você pode compartilhar com amigos e familia! Ou clicar no ❤️ e ajudar mais pessoas a descobrirem no Substack 🙏🏻
Eu escrevo (normalmente) a cada duas semanas. Para se inscrever, basta clicar no botão abaixo!